Ferreira Gullar: O Formigueiro
Alberto Saraiva
O Formigueiro, criado em meados da década de 50, constitui-se em uma obra emblemática. No poema, onde as palavras se movimentam tal qual formigas, estão contidas as sementes do que viria a ser, um pouco mais tarde, o livro-poema. O Formigueiro só foi publicado em 1991 pela editora Europa, com introdução contendo texto escrito pelo próprio poeta. A seguir, um trecho deste texto introdutório que conta, um pouco, a história do poema: “Escrito em 1955, este poema permaneceu inédito até hoje, isto é, durante trinta e seis anos. Quem estuda os começos do movimento concretista, verá que algumas de suas páginas - não me lembro se cinco ou sete - foram apresentadas na Exposição Nacional de Arte Concreta, realizada em S. Paulo em dezembro de 1956 e no Rio em janeiro de 1957. Naquela ocasião, as grandes páginas, de um metro e meio de altura por cinquenta centímetros de largura com apenas uma palavra escrita de modo inusitado, chamaram a atenção dos visitantes da mostra. Mas, na opinião do grupo paulista, O Formigueiro não era um poema concreto. E dentro da concepção deles, efetivamente não o era: nem reduzia as palavras a mero elemento da mecânica fonético-visual, nem pretendia o tipo de comunicação imediata, instantânea, dos cartazes de propaganda, como prescrevia então a teoria dos paulistas. Era um poema longo que se articulava e desenvolvia com o próprio passar das páginas. Propunha uma maneira nova de estruturar o poema, integrado ao livro, formando com ele uma unidade indissolúvel. O Formigueiro era, sem que o soubesse, a promessa do livro-poema, que eu realizaria em 1959, e onde essa integração se tornou ainda maior, já que a própria forma das páginas passou a ser determinada pela interação palavra-silêncio.”
créditos da exposição
Curadoria: Alberto Saraiva
Coordenação geral: Nelson Ricardo Martins
Produção executiva: Lisiane Mutti
Designer: Lu Martins
Arquitetura: Ricardo Azevedo
Assistência de produção: Monique Anny
Iluminação: Carlos Lafert
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Realização